Quando uma criança faz algo
considerado indevido o adulto nomeia como ARTE. Lembro-me, quando menino, minha
avó materna sempre recriminava minhas estripulias como arte.
- Pare com isso, Lozinho! Deixe de arte, menino!
Tenho pensado muito sobre isto
ultimamente, claro por ser brindado pela chegada nos próximos dias (qualquer
momento toca o telefone e pode ser Claudinho), de minha mais esperada artista: Liz,
que nasce criança e menina, portanto, espero eu, cheia de arte.
Reside aqui talvez minha tensão dos
últimos meses.
Desaprendi ser criança e meus
crimes são de adulto. Todos eles. Dos pequenos aos mais hediondos. Não posso
ser mais recriminado como arteiro, já que artista embora sonhasse, não alcanço.
Do alto da minha sessentaneidade
não gosto mesmo do que fizemos com nossa aculturação. O resultado decisivamente
não é bom, assim no todo. Tem partes boas, vejo. Mas no geral, abomino.
Uma sociedade (americana) desevoluída
com mais de quatrocentos milhões de armas em posse de civis devidamente
legalizadas é descabida. Isso é uma tragédia anunciada. Não é possível,
simplesmente, reconhecer naqueles cabelos avermelhados ou na expressão
catatônica do jovem neurocientista um louco e decidir por executá-lo. É preciso
assumir a essência da alma coletiva. Matar deliberadamente mais um não mitigará
o mal. É preciso ir mais à raiz. Nenhum de nós podemos sair como inocentes
dessas histórias. Somos os homens morcegos.
Há ainda assassinos de plantão
instalados em palácios de governo em vários cantos do planeta.
A fome não é algo para ser expressa
em milhões para que nos sensibilizemos. Um único faminto é suficiente para nos
envergonharmos.
Nos nossos quintais grassam
sanguessugas acobertados. Não há nenhum sinal objetivo de que isso mude.
A urbe sucumbe.
Até água, turva.
O olhar não é pessimista, nem
realista, nem alarmante, nem denuncista. Apenas o espelho não mostra a face
idealizada. Envergonho-me e profundamente do que entrego como lugar de ser para
Liz.
Minha idiotia e meu egoísmo permitem
que a alegria da chegada de minha neta se estabeleça. Será imensa por ser a
primeira, por ser de Pretinha, por ser uma criança.
No fundo, no entanto, na
consciência, dói (e como dói), que não será possível a mim, nem no seio da
intimidade familiar e nem na plenitude do mundo, dizer de coração puro a ela:
- Liz, desfrute.
Recebi de Lé SMS: "Pesado! Mas quando eu nasci vivíamos uma ditadura. Tudo pode sempre melhorar..."
ResponderExcluirE de Claudinho um artigo de Nizan Guanaes publicado no Portal UOL: "De todas as promessas de revolução, a da educação on-line está cada vez mais próxima.
E não sou eu quem diz isso. Mas o pessoal de Harvard, MIT, Princeton, Stanford. Essas e outras universidades americanas de excelência estão fazendo um movimento histórico de transferir seus cursos para plataformas digitais e oferecê-los para o mundo todo, boa parte deles, gratuitamente.
Vivemos uma nova era de grandes descobrimentos. O homem só descobriu que a Terra era azul ao sair do planeta. Educar-se é sair de si mesmo em busca de um conhecimento do mundo e das coisas. Essa viagem da educação é a viagem da sua vida.
Você se descobre outro depois dela.
Nosso país se descobrirá de novo depois dela.
A diferença é que desta vez seremos nós a nos descobrir. Será a nossa verdadeira emancipação, a nossa emergência definitiva."
NIZAN GUANAES, publicitário e presidente do Grupo ABC
Você quer fazer um curso em uma das melhores universidades dos Estados Unidos de graça? São várias áreas de conhecimento.
ResponderExcluirhttp://blog.ted.com/2012/07/18/completely-free-online-classes-coursera-org-now-offering-courses-from-14-top-colleges/