Eu só desejava, Ela já supunha. A
vida tomou rumo outro depois que Pretinha nos comunicou a graça. Vieram os
primeiros noventa dias para ver se tudo estava como todos desejavam.
A vida quis que sim.
Em vinte e sete de fevereiro, dia
dos meus sessenta anos, a criança mostrou-se fêmea e recebeu o nome de flor.
Não consegui mais concentrar minhas energias senão na perspectiva. Meu texto,
como toda a minha vida, ficou restrito a amplitude do fato. De quando em vez me
percebo com os olhos marejados, outras vezes dou gargalhadas na solidão da
escrita dos diálogos.
Sofro.
Vejo as coisas chegando. Acompanho
a reforma do quarto, a chegada do bercinho, instalo as lâmpadas no nicho da
estante onde ficarão bichinhos e bonequinhas. Ouço tramas e planos para os
aparatos de roupas, carrinhos, banheiras, porta coisas e coisos, bonequinha
para colocar na porta do hospital.
A Bisa Rosa lavará uma a uma todas
as roupinhas compradas. E as passará a ferro com toda a delicadeza,
aproveitando todo o calor que da experiência emana.
Claudinho acompanha Pretinha, fazem
curso para prepararem-se pais. E descobre, ao observar outras gestantes
participantes:
- Nó,
Lozinho. Igual Valesca num tem igual, cara! A turma lá é cheia de grilos...
Meço medidas do quarto de nossa
casa em Santa Luzia onde eles ficarão, espero, nos intervalos da lida. Onde
colocaremos a poltrona em que Pretinha se sentará para nutrir a flor; as
prateleiras para colocar coisinhas, xampus, talcos, trequinhos. O berço ficará
voltado para o corredor, imaginar-me na cozinha e Liz ao acordar levantar-se e
chamar:
- Vovô!!!
Vovó!!!
Estamos a trinta ou trinta e cinco
dias da Felicidade.
Até breve.
Ela tece o que agasalhará o futuro.
Imagina quando ela ler isso???Será que um dia ela vai entender isso Lozinho ?
ResponderExcluirClaudinho, este legado que o avô "doido" esta deixando é muito legal. Pensei nisso estes dias....imagina a Liz com 15, 20 anos lendo estas mensagens!
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