Meus diálogos com minha futura neta
são absolutamente improváveis. De fato a criança hoje é de tal sorte estimulada
por inúmeras e diversas fontes que o repertório para os diálogos trazido por
ela provavelmente terão elementos completamente distintos daqueles utilizados
aqui por mim.
Meus diálogos imaginários não se
aplicam aos tempos pós-internet, à TV Paga e a toda gama de informações de
fácil acesso a uma criança como deverá ser Liz. Além da minha incapacidade de
construí-los com esses atributos da modernidade está posto que dialogo comigo enquanto
criança.
Faço isto como um recolhimento à
preparação. Há muitos anos meus filhos tornaram-se adolescentes e depois
adultos. Era outra época quando meus filhos foram Liz.
Nem se trata de ver em minha época
ingenuidade, candura, pureza e na época presente toda sorte de exposições,
especialmente aquela orientada a consumo em volume, fragmentação e efemeridade.
Minha questão está outra.
Como estabelecer diálogo entre a
minha época e a de minha neta sem perder elementos da minha mais profunda
tradição e, a todo instante, nos assustarmos mutuamente?
Assisti ontem ao filme MAMUTE,
protagonizado por Gerard Depardieu e Isabelle Adjani (alguém aí os conhece ou
se lembra deles), indicado à Palma de Ouro de Berlim em 2011. Seria bom que o
leitor pudesse assisti-lo para que nosso diálogo ampliasse.
Sinto-me como um mamute, de uma
época em que dizer a um irmão ou coleguinha: “Vai peidar n’água!” implicava em risco de surra com chicote e/ou
castigo de ficar de pé com a cara virada para a parede.
Era uma feiúra.
Até breve.
Vovô, cê tá veio, hemm . . .
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