- Alô. Vovô?
- Oi, Liz.
- Parabéns prá você... Vovó taí? Liga ai o celular prá ela ouvir também...
- Liz, são cinco e meia da manhã...
- Você ligou o viva voz, vovô?
- Sim...
- Parabéns prá você!... Parabéns
prá você!... Parabéns prá você!
- Brigado, querida...
- Vovó tudo de bom prá você...
Muita saúde, muita alegria e muita paciência com o vovô, tá vovó?
- Brigado, Liz. Você vem aqui nos
ver hoje?
- Claro, vovó. Mamãe falou que nós
vamos almoçar juntos...
- Ah, é mesmo, Liz.
- Eu já comprei o seu presente, viu
vovó... Vovô?
- Oi, Liz.
- Você não falou com a vovó o que
eu comprei prá dar prá ela hoje não, né?
- Você comprou presente prá vovó?
- Bobão, você estava comigo...
- Eu num lembro...
- Melhor assim... Vovó?
- Oi, Liz.
- Eu adoro você viu vovó. Eu falei
com a mamãe que quando eu ficar velhinha eu quero ficar igual a você, viu vovó?
- Como?
- Linda, de cabelo branquinho...
- E eu, Liz?
- Boba igual você, vovô? Nem morta!
- Ô, Liz...
- Ih, vovô... Tô brincando...
- Bem, você saiu com a Liz pra comprar
meu presente?
- Não, vovó num foi comigo não...
Papai que foi, vovô...
- Seu pai?
- É.
- Duvido?
- Juro, foi ele sim.
- Já até sei o que ele comprou prá
mim...
- Adivinha, vovô...
- Livro...
- Como você sabe?
- É porque é mais fácil...
- Ô, vovô ele comprou com tanto
carinho.
- Eu sei, Liz. Tô brincando.
- Vovó, você sabe aquele vestidinho
de gola azul? Aquele que eu usei no dia do meu aniversário...
- Sei, Liz. O que tem ele?
- É que a costura da golinha tá
soltando... Eu posso levar ele prá você arrumar prá mim?
- Claro, Liz.
- Brigada, vovó.
- De nada, querida.
- Vovô...
- Oi, Liz.
- Você compra aquelas cola de
bastão prá mim, vovô... É que a minha acabou e eu tenho que levar na escola
hoje...
- Compro, Liz.
- Tá bom. Eu vou desligar que tá
muito cedo... Beijo, vovó... Beijo, vovô. Até a hora do almoço.
- Beijo, Liz.
Hoje recebi diversos parabéns pelo
dia dos avós e me ocorreu uma preocupação. No futuro, que eu desejo próximo, é
provável que isso dê margens aos meus filhos para justificarem em agosto que eu
não recebi presentes deles por que já os teria recebido em julho. Outra perda
da velhice.
Ou, sensibilizados, os netos
cobrarão de seus pais que nos tragam presentes também em maio e agosto. A
velhice pode, então, ser promissora.
Não acho cedo para mandar aviso.
Nunca fui de acreditar e cultuar
datas. Aniversário, natal, dia disso ou daquilo. Doravante vou mudar de idéia e
ser mais rigoroso para que filhos e netos respeitem o costume.
Não pelos presentes, ou melhor, não
necessariamente pelos presentes, mas, sobretudo pela oportunidade de, estando
junto nessas datas, podermos empreender balanços.
Até breve.
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