- Vovô?
- E aí, Liz?
- Eu e mamãe catamos um
monte de pulgas...
- Quantas?
- Mamãe falou que foram doze
na Laka e treze na Zuca.
- Cadê elas?
- Eu coloquei dentro de uma
caixinha de fósforos.
- Vivas?
- Não, né vovô?
- É que a vovó Eulália me
pagava quinze centavos por cada uma viva.
- E você me fala isso só
agora?
- Com a vovó também foi
assim. A primeira vez que eu catei eu levei prá ela um monte...
- Tudo esmagado...
- Pois é.
- E depois?
- Depois eu mostrava prá ela
as pulgas vivas dentro de um vidrinho de
plástico. Ela contava, me pagava e...
- E depois?
- Depois eu voltava com as
pulgas vivas tudo para o casaco de novo.
- Mentira?!!! Você não fazia
isso, vovô.
- Não, claro, Liz. Eu estou
brincando.
- Isso é maldade, vovô.
- É sim, você tem razão.
- Então você não pode
brincar com isso, né vovô?
- Verdade. Desculpa, Liz.
- Vê lá... Encher a Zuca e a
Laka de pulgas de novo...
- Pois é.
- Só prá eu ganhar mais
dinheiro...
- É num pode mesmo não.
- Vovô, sabe de uma coisa?
- O quê?
- Vamos numa farmácia
comprar remédio para passar na Zuca e na Laka.
- Você quer assim?
- O dinheiro que você ia me
dar eu quero que você compre o remédio...
- Você passa o remédio?
- Criança num pode, vovô.
- Ah, é verdade. Quem te
falou que não pode?
- Papai.
- Quando?
- Ele não tava muito de
acordo com essa história de eu e a mamãe catar pulgas...
- Porque ele não tava
ganhando nada?
- Quê isso, vovô? Claro que
não! É que ele acha que nós devíamos mesmo é passar remédio prá acabar com as
pulgas.
- Seu pai é jóia.
- Eu devia ter escutado o
papai...
- Ele queria comprar o
remédio?
- Comprar não, mas ele falou
que mamãe que devia de passar porque eu sou pequenininha... Eu não posso.
- Ah, entendi.
- Vovô?
- O que é, Liz?
- Tadinha das pulgas, né?
- Vovô também num gosta de
ter que matar as pulgas...
- Mas dá doença, né vovô? Aí
a gente tem de acabar com elas, né?
- Pois é.
- Vamos, então, vovô?
- Onde, Liz?
- Comprar o remédio para
você passar na Zuca e na Laka para acabar com esse negócio de pulgas.
- Liz?
- O que é, vovô?
- A gente aproveita passa na
sorveteria e toma aquele sorvete, o que você acha?
- Mas você não vai pagar o
sorvete com o dinheiro do remédio das pulgas, né?
- Não, Liz.
- Aí tá bom.
- De qual sorvete você quer?
- Lá eu escolho, vovô.
Até breve.
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