- Oi vovô, onde você estava?
- Arrumando uns negócios...
- Você sumiu. Tem muito
tempo que você não vem me ver...
- Desculpe, querida.
- Sabe que foi até bom.
- Bom? Por que, Liz?
- Porque aí eu fiquei com
mais saudade...
- De quê?
- De conversar com você,
vovô.
- Você gosta de conversar
comigo?
- Às vezes.
- Por que às vezes?
- Porque às vezes você não
me entende...
- Eu não te entendo, Liz?
- É.
- Que dia que você falou
alguma coisa e eu não entendi?
- Outro dia.
- Que dia Liz?
- Ah, vovô, você sabe.
- Qual? Juro que não sei.
- Deixa prá lá.
- Não. Agora eu quero saber.
- Sabe aquele dia que eu
tava lá na sua casa brincando no parquinho e você não deixou eu descer sozinha
no escorregador?
- Lembro.
- Que eu falei que eu já
sabia, aí você mesmo assim não deixou eu descer?
- É muito perigoso.
- Eu já sou grande, vovô!
- O escorregador de lá é
muito alto... É muito difícil...
- Mas eu sei descer.
- Vamos combinar uma coisa,
Liz. Amanhã quando você for lá em casa eu deixo você descer então.
- Por quê?
- Por que sim... Eu vou
estar lá.
- Tá vendo como você não me
entende, vovô?
- Ora, você não quer descer
no escorregador?
- Mas você acabou de dizer
que é perigoso, não disse?
- Não tem problema, eu fico
perto.
- Melhor não.
- Por quê?
- Vai que eu caio...
- Não cai não. Eu te seguro.
- Uma hora você diz que
pode, outra diz que não...
- Eu pensei melhor, aí eu
fico perto e você pode descer.
- Vovô?
- O que, Liz?
- Você não acha que eu devia
descer sozinha e cair lá de cima?
- De jeito nenhum, Liz!
- Para eu aprender que não
pode... Que eu não consigo...
- Não Liz. Não precisa
aprender caindo...
- E o dia que você não tiver
perto?
- Você não desce, ora.
- E se eu quiser muito,
muito, muito...
- Você não desce.
- Mas se eu quiser muito,
muito, muito, muito, muito...
- Você me liga no celular...
Aí você me espera chegar e aí eu vejo você descer.
- E se você estiver longe.
Não puder vim...
- Você vê se a vovó pode te
acompanhar ou outra pessoa adulta...
- Vovô, sabe de uma coisa?
Por isso que eu falei que você não me entende...
- Agora não entendi mesmo.
- Eu acho você muito bobo,
que nem a mamãe fala.
- Por quê?
- Porque você fica todo
esquisito quando eu falo que vou fazer uma coisa que não pode.
- Esquisito?
- É, com uma cara assim...
- Eu fico mesmo preocupado.
- E você não vê que eu fico
te fazendo de bobo, vovô?
- Me fazendo de bobo?
- É vovô. Eu fico é rindo de
você, com medo que eu machuque.
- Eu não quero mesmo que
você se machuque, Liz.
- Eu vou descer sozinha no
escorregador.
- Num vai não.
- Vou... E de noite, quando
todo mundo tiver dormindo...
- Num vai não, você é doida?
- Eu vou e vou descer de
cabeça primeiro...
- NUM VAI NÃO!
- E com...
- Liz, num faz assim comigo
não...
- Vovô, eu adoro você...
Você é muito bobo.
Até breve.
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluirTá bom. Pode ser tudo isso. Só que me disseram que esse post foi inspirado pelo filme CONFIAR que eu comentei em DOMINGO.
ResponderExcluirVou assistir ao filme para entender melhor o post.
ResponderExcluir