Me deu na telha de ocupar-me com
algo desinteressante. Abandono o que verdadeiramente importa para fazer
registro de algo absolutamente irrelevante.
Recentemente assisti na TV a três
matérias jornalísticas. A primeira, no último sábado, uma entrevista na Globo
News com o ex-presidente Collor; a segunda, flashes sobre o 5º Congresso
Brasileiro de Comunicação cujo tema de abertura foi o da liberdade de expressão
e a terceira matéria jornalística a cobertura do Jornal Nacional da Globo a
respeito da publicação em VEJA sobre a conduta do ex-presidente Lula em relação
ao julgamento do Mensalão.
Collor diz, na entrevista, que está com seu livro semi-pronto e que, por
força de conselho de seu amigo Thalles Ramalho, não o publicará. Motivo: são
tão bombásticas as revelações contidas no livro que estas abalariam os
alicerces da democracia brasileira em proporções jamais vistas.
Fosse vivo, meu pai daria de ombros e diria que esse sujeito, no plano
mental, assemelha-se a outro (de sua época), Jânio da Silva Quadros. De Collor
ficará para a História: “Não filo porque
não quilo.”
A parte boa deste post foi esta,
porque me fez lembrar do meu pai e de seus comentários ignorantes.
Na abertura do congresso, citado
acima, que está ocorrendo em São Paulo o presidente do STF, Ministro Carlos
Ayres Britto, fez uma colocação de que Democracia e Imprensa são irmãs
siamesas. Ambas coexistem com absoluta dependência uma da outra. Se se cortar o
“cordão umbilical” que as une, ambas fenecerão.
A revista VEJA dessa semana, que
cego que sou não li, publicou uma matéria em que informa as ações duvidosas do
ex-presidente Lula junto a alguns ministros do STF para que os mesmos trabalhem
pelo adiamento do julgamento do Mensalão. Para Lula é melhor que isto, se
acontecer, seja feito após as eleições.
Haja ameaça à democracia e à
liberdade de expressão. Agora precisamos combinar a que democracia estamos nos
referindo e a que liberdade e de que expressão. Se for a democracia palaciana
que ocorre nos porões, gabinetes, plenários, sótãos e outros ambientes
impublicáveis, a quem interessa apenas uma parte da sociedade, talvez seja
mesmo algo vulcânico.
Ao povo, supostamente o soberano do
regime, isso é de uma relevância que beira a do resultado da 4ª pelada da manhã
de domingo acontecida no campinho sem traves que existe em terreno baldio
próximo à minha casa em Santa Luzia.
Se for à democracia de meia dúzia
de milhares de apaniguados que se locupletam e se hospedam nas benesses do
estado, aí sim tem alguma relevância. E é mesmo de suma importância que a
imprensa publique até para que todos tenhamos a sensação que está tudo bem. Que
as instituições políticas estão sólidas e funcionando como ditam as melhores
práticas democráticas.
Ao povo, essa entidade real que
constrói a riqueza nacional de inúmeras expressões, tanto econômicas quanto
sócio-culturais, resta o desconforto de a cada quatro anos ser compelido
compulsoriamente ao exercício democrático de escolher seus representantes sob
pena de ter salários suspensos entre outras sanções rigorosamente previstas em
legislação.
De todo é ainda melhor do que em
Sírias outras. Ainda que embrulhe o estômago dos menos aparelhados como eu, é
melhor que essa redoma restrita à canalhada espúria mantenha os satrápias
envoltos em suas maquinações perversas. E que a imprensa livre publique.
Nós aqui embaixo, simples cidadãos,
cuidemos de nossa vidinha carregada de sentido e de esperança, até porque o que
importa de fato ao meu exacerbado egoísmo vai acontecer em agosto e será
largamente anunciado a quem interessar possa.
Até breve.
Lozinho,
ResponderExcluirvocê é amargo!
Num dia nos faz viajar embarcados em seu balão, alimenta nossa imaginação, nossos sentimentos inocentes, puros como de uma criança. No dia seguinte nos derruba, joga na cara a dura realidade, as canalhadas que estão a nossa volta!
Que tratamento de choque!!