- Liz...
- O que é vovô?
- O que nós vamos inventar agora?
- Inventar?
- É.
- Você que inventa, vovô... Eu não.
- Ah, não?
- Eu brinco.
- Brinca?
- Tem uma brincadeira legal, você quer?
- Quero.
- É muito complicada, vovô.
- Você explica devagarzinho que o vovô entende.
- É assim ó: você procura um lugar para ficar que eu não sei
onde é e eu conto até dez e depois você vem me achar, entendeu?
- Não é você que tem que me procurar? Não sou eu que tenho
que esconder?
- Eu não disse que era complicado?
- É que eu não tinha nunca brincado assim, Liz.
- Então vamos, vovô?
- Vamos.
- Então vai se esconder... Um, dois, três, quatro, cinco,
seis, sete, oito, nove e DEZ! Vovô, pode vir...
- Liz a brincadeira não é assim.
- Então como é?
- Você conta até dez, aí dá tempo de eu esconder e ai você é
quem vai me procurar, entendeu?
- Que graça que tem isso?
- Graça?
- Eu acho legal é você ir se esconder e saber que vai me
achar quando você voltar prá cá, vovô.
- Por quê?
- É como quando você vai embora da minha casa. Aí fica um
tempão sem me ver. Só que você sabe que eu tô aqui. Aí pode contar até mil que
você sabe que eu vou tá te esperando...
- Liz?
- O que é, vovô?
- E enquanto eu estou lá escondido o que você faz?
- Eu tô contando, ora.
- Você acha graça nisso?
- Você imagina procevê, vovô... Se você está brincando com
uma pessoa que você gosta, o que você faz?
- O quê?
- Conta rapidinho, vovô!
- E se for uma pessoa de quem você não gosta?
- Eu não brinco ou então conto até um bulhão... bem devagarzinho...
- Mas você nunca vai procurar a pessoa que se esconde?
- Claro, vovô! Quando for a pessoa que contar até dez.
- Mas você já sabe onde ela está, parada no mesmo lugar,
então você não tem que procurá-la...
- É, mas eu vou saber se ela gosta muito ou pouquinho de mim,
né?
Até breve.
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