sábado, 12 de maio de 2012

DESFECHO


- Vovô...

- Oi querida.

- Eu acho que eu tô com medo.

- Medo? De quê, Liz?

- Da gente esquecer, esquecer não... perder um dos bichos lá...

- Será?

- Lá é muito grande...

- Foi o que eu te falei.

- Tá muito frio lá, num tá, vovô?

- Nessa época é frio sim, mas você está levando casaco...

- Tô.

- Então?

- Mas papai e mamãe não vão...

- Outro dia eles vão com a gente.

- Vovó também num vai...

- Ela vai depois também.

- É que eu queria que eles fossem com a gente.

- Você prefere ir outro dia, então?

- Num sei...

- Como assim, num sabe?

- Tem outras pessoas lá?

- Namorados...

- Você já namorou lá, vovô?!!!

- Liz, na verdade, quando a gente namora a gente num vai lá na lua não... Assim de pegar balão e ir subindo 
até lá encima, não. Quando a gente gosta muito de uma pessoa a gente quer dar prá ela até o impossível...

- Impossível?

- É... Assim uma coisa que num tem jeito da gente fazer, entende?

- Não, vovô.

- Você sabe quanto eu gosto de você num sabe, Liz?

- Eu também de você, vovô.

- Então... O que você quiser eu vou fazer de tudo para te dar. Até uma coisa que ninguém consiga.

- Ninguém?

- É.

- Então como você vai conseguir me levar na lua?

- Pois é...

- É impossível?

- É. Assim, de balão, é impossível de nós irmos à lua.

- De que jeito então?

- Sonhando.

- Essa noite eu não dormi direito.

- E por quê?

- Porque eu fiquei pensando como era o nosso passeio na lua...

- E como que era?

- Aí a gente levou todo mundo... O seu balão era grandão, sabe vovô?

- Já me disseram isso, Liz.

- Então, aí nós levamos papai, mamãe, vovó, um monte de gente e os bichos todos, até os patinhos...

- E aí?

- Aí nós chegamos lá e...


Não quero projetar seus sonhos. Quero apenas que Liz sonhe.


Até breve.

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