- Vovô...
- Oi querida.
- Eu acho que eu tô com medo.
- Medo? De quê, Liz?
- Da gente esquecer, esquecer
não... perder um dos bichos lá...
- Será?
- Lá é muito grande...
- Foi o que eu te falei.
- Tá muito frio lá, num tá, vovô?
- Nessa época é frio sim, mas você
está levando casaco...
- Tô.
- Então?
- Mas papai e mamãe não vão...
- Outro dia eles vão com a gente.
- Vovó também num vai...
- Ela vai depois também.
- É que eu queria que eles fossem
com a gente.
- Você prefere ir outro dia, então?
- Num sei...
- Como assim, num sabe?
- Tem outras pessoas lá?
- Namorados...
- Você já namorou lá, vovô?!!!
- Liz, na verdade, quando a gente
namora a gente num vai lá na lua não... Assim de pegar balão e ir subindo
até
lá encima, não. Quando a gente gosta muito de uma pessoa a gente quer dar prá
ela até o impossível...
- Impossível?
- É... Assim uma coisa que num tem
jeito da gente fazer, entende?
- Não, vovô.
- Você sabe quanto eu gosto de você
num sabe, Liz?
- Eu também de você, vovô.
- Então... O que você quiser eu vou
fazer de tudo para te dar. Até uma coisa que ninguém consiga.
- Ninguém?
- É.
- Então como você vai conseguir me
levar na lua?
- Pois é...
- É impossível?
- É. Assim, de balão, é impossível
de nós irmos à lua.
- De que jeito então?
- Sonhando.
- Essa noite eu não dormi direito.
- E por quê?
- Porque eu fiquei pensando como
era o nosso passeio na lua...
- E como que era?
- Aí a gente levou todo mundo... O
seu balão era grandão, sabe vovô?
- Já me disseram isso, Liz.
- Então, aí nós levamos papai,
mamãe, vovó, um monte de gente e os bichos todos, até os patinhos...
- E aí?
- Aí nós chegamos lá e...
Não quero projetar seus sonhos.
Quero apenas que Liz sonhe.
Até breve.
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