Ontem a vida me deu mais um presente.
Conheci um homem que fará, no próximo mês de maio, oitenta e
sete anos de idade. Engenheiro, construiu um patrimônio inestimável: oito
bisnetos e um dos netos, o mais velho, tem trinta e sete anos.
Dez minutos depois que ele me foi apresentado pedi que me dissesse,
em uma única palavra, o que é viver oitenta e sete anos.
- “Uma única palavra?”
- “Sim, uma única
palavra.”
- “Ah, eu não sei... Eu
não vou conseguir...”
Um dia depois de se formar, aos vinte e três anos, teve
assinada sua Carteira de Trabalho, um de seus maiores orgulhos.
- “Fiz desde cedo minha
independência.”
Saiu de casa e de sua cidade e foi morar em uma pensão em
Tumiritinga para começar a sua estrada vitoriosa. Ganhava uma fortuna, algo
como três mil e quinhentos contos de réis. Pé de valsa, trabalhador, excelente
partido.
Uma noite estava em um baile quando um casal lhe apresentou a
filha: uma menina de quinze anos de idade.
Tumiritinga era abastecida por energia produzida por gerador
a diesel em horários pré-estabelecidos. Algo como vinte e uma, vinte e uma
horas e trinta minutos, a cidade ficava às escuras. Foi em uma dessas
oportunidades que ele partiu prá cima daquele que veio a ser o seu sogro e
pediu a menina em casamento.
Foi para o Paraná, levando sua paixão.
- “Aos dezesseis anos
ela era a única mulher no acampamento.” Apenas para ir dizendo a única
palavra que poderia traduzir a sua vida.
- “Eu construí nossa
casinha... de madeira... o banheiro era lá fora... fossa... cal...”
De vez em quando ao longo das três horas que ficamos juntos
eu lhe lembrava do meu pedido.
- “Ah, a palavra... Eu
sei lá!”
Minha insistência tinha um endereço. Estou determinado a não
perder um instante sequer para entender a vida e estar diante de um sujeito
como o de ontem amplia em muito a minha compreensão.
- “O meu passado, o
trabalho, a mulher com quem eu fui casado... Eu acho que é isso...”
Até que, em dado momento, ele ficou com os olhos marejados e disse
aliviado:
- “AMAR!”
- “Amar?” Perguntei, testando-o.
- “Sim, no sentido mais
amplo. Amar o que você faz, sua esposa, sua família... Pois então, você tem a
sua palavra: amar.”
Ele se diz abandonado pela esposa de quem o coração parou de
pulsar quinze dias antes de eles completarem sessenta anos de uma aliança
fascinante.
Essa parte eu não entendi.
E agora José? Esta palavra, tão falada, adentra à sua lavra. Espero ansioso pelo resultado, pois não se trata de um tema fácil.
ResponderExcluirUai, e eu que achei que essa palavra permeia a todos os posts... De qualquer forma leia o post de amanhã.
ExcluirFala mais deste presente . . . Qual a sua palavra aos sessenta ?
ResponderExcluirVamos estar juntos novamente no sábado. Se rolar, lavro, OK?
ExcluirMinha palavra para os sessenta? Postei FLOR no dia do meu aniversário, portanto, minha palavra não poderia ser outra: LIZ.