sexta-feira, 20 de abril de 2012

NUVENS


Tem algo que merece ser manifesto. Um hiato. Entre um tempo em que se construiu e outro a construir. O primeiro veio de vácuo. O segundo tem, ainda que não sabido quando, um término.

De momento, duas forças: uma de impulsão outra de moderação, quase temor.
Impulsão de um desejo já trazido aqui como quase clandestino: o universo da linguagem, do mergulho sobre letras.

Moderação, quase temor, para se colocar o juízo a favor do lado prosaico e material da existência: a subsistência.

Escrevo cruzando aéreo de Lisboa a Barcelona.

Sinto minha vida, no momento, como um vôo. Um hiato. De um lugar a outro.

Embora não se possa ou talvez não se deva precisar o outro lugar (“Pelejar por exato dá erro contra a gente. Não se queira, viver é muito perigoso.” Para Guimarães Rosa) ou (Navegar é preciso, viver não é preciso.” Para Fernando Pessoa) procuro uma carta náutica.
A questão é: para que porto?

Hoje estamos no dia 19 de abril de 2022. Liz estará completando, daqui a quatro meses, dez anos de idade. Tem irmãos e primos, desejados e amados tanto quanto. Meus livros são relativamente bem aceitos pela crítica, gozam de boa distribuição o que resulta em uma boa gama de leitores.

Sou demandado para palestras para temas relacionados à minha obra. Preparo outro livro que será publicado em 2025. Mas, puxa, sinto-me em um hiato. Como será recebido esse meu próximo livro?

Ah, a tarefa de ser! 
                
A vida está adiante como o ato de andar, às vezes, nas nuvens.

Santa angústia!             


Até breve.  


5 comentários:

  1. Leia "Fuga do Campo 14"
    Depois olhe no Google
    Depois recomende

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Brigado pelo dica. Voltando de viagem, vou correr atras.
      Abraço.

      Excluir
  2. Tenha coragem para suas travessias...."Navegar é preciso, viver não é preciso.”

    ResponderExcluir
  3. Travessia
    Milton Nascimento

    Quando você foi embora fez-se noite em meu viver
    Forte eu sou mas não tem jeito, hoje eu tenho que chorar
    Minha casa não é minha, e nem é meu este lugar
    Estou só e não resisto, muito tenho prá falar

    Solto a voz nas estradas, já não quero parar
    Meu caminho é de pedras, como posso sonhar
    Sonho feito de brisa, vento vem terminar
    Vou fechar o meu canto, vou querer me matar

    Vou seguindo pela vida me esquecendo de você
    Eu não quero mais a morte, tenho muito que viver
    Vou querer amar de novo e se não der não vou sofrer
    Já não sonho, hoje faço com meu braço o meu viver

    Solto a voz nas estradas, já não quero parar
    Meu caminho é de pedras, como posso sonhar
    Sonho feito de brisa, vento vem terminar
    Vou fechar o meu canto, vou querer me matar

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu sou do mundo! Sou de Minas Gerais! Brigado por lembrar do Bituca. Eu estava jogando pelada em frente ao cinema Santa Teresa e ele ficava me azarando na porta do Bar do Seu Rocha. Ele, Lô e Mariozinho.

      Excluir