Desembarcamos as 10:30 em Istambul tendo deixado Barcelona as
06:00. Agora, somente Ela e eu já que Fá e Lé foram para Paris.
Na porta de saída do acesso de passageiros que deixavam o
avião para dirigirem-se ao terminal de desembarque encontramos uma jovem do
receptivo nos esperando com uma tabuleta onde estava escrito o meu nome. Ela
estava acompanhada por um colega de agência que nos levou em um carro elétrico
aeroporto adentro até a esteira de bagagens. De lá para o terminal de embarque
doméstico com destino a Kisaraki, na Capadócia.
Já na pista, quando nos preparávamos para subir as escadas do
avião vi um rapaz com uma tabuleta com o meu nome. Era Predi, o nosso guia que
ficará conosco ao longo de toda a nossa estada em Turquia. Predi é turco e fala
fluentemente o português.
Chegando em Kisaraki, uma van Mercedes-Benz nos aguardava. Do
aeroporto mesmo iniciamos nossa breve, porém intensa, experiência pelo mundo
oriental.
Durante dez milhões de anos a região da Capadócia viveu
inúmeros vulcões ativos o que configurou a região com características
geológicas muito especiais. Praticamente toda a extensão tem duzentos metros de
altura de massas vulcânicas. Por esta razão o solo é esponjoso e com o passar
dos milhares e milhares de anos de precipitações de chuvas foram se formando
crateras e diversos rios subterrâneos.
Antes do século VII, a sociedade não contemplava a estrutura
familiar. O mundo era pagão. Os homens podiam casar com tantas mulheres quisessem
e as mulheres com tantos homens que quisessem. As riquezas eram depositadas nos
templos de época e os seus integrantes emprestavam esse dinheiro a juros. As
mulheres se prostituiam para atender à deusa da fertilidade. Maomé entrou na história
para acender a luz do bordel e trazer a moralidade.
Determinou-se que cada homem poderia, a partir dalí, casar-se
com uma única mulher. Ele mesmo não seguiu a idéia já que, aos sessenta anos,
tinha no seu harém quatorze.
Eram necessários escravos e os árabes elegeram os cristãos
para perseguir e escravizar. Estes, por sua vez, trataram de se evadir e foram
encontrar esconderijos exatamente na região da Capadócia. Construiram inúmeras
cidades subterrâneas com moradias e seus templos. Foram construídas mais de
seiscentas igrejas abaixo da terra. Alí permaneceram do século VII até 1082,
portanto, durante quase quatro séculos. Em 1982 foi instaurado o primeiro
império bizantino e junto com ele o renascimento do cristianismo.
Pedri nos perguntou se sofríamos de claustrofobia. Respondi
que não, sem muita convicção. Pois é, o tour de hoje foi sobre essas
edificações. Coisa de doido. A temperatura a sessenta/setenta metros de
profundidade varia o ano todo entre 14 e 16 graus centígrados, seja no inverno
ou no verão, o que permitiu aos fugitivos que ali formaram gerações a sua
reserva agrícola, água e outros víveres. Também é interessante o fato de que
dentro dessas cidades cavernas não entravam nem insetos e nem serpentes. E não
me perguntem por que.
Então, o que diabos tem a ver esse danado deste post? Acho
que é porque durante os últimos dias eu estava vasculhando perto dos anos 1880 a
história do meu avô paterno e deparei-me hoje com o século VII.
O que vale nesse tour é a constatação, assim como no Peru, da
imensa capacidade do homem em buscar meios para manter sua sobrevivência e suas
convicções.
Eu volto.
Para mim, o que vale nesse post é a diversidade de culturas, costumes e pessoas que tem nesse mundão de gente.. e que como cada qual com sua peculiaridade descobriu a forma de viver e de se realizar.Adoro os seus post de viagens!!! Me faz ir além! bjos saudades..
ResponderExcluirBoa história, que nos mostra a enorme capacidade de adaptação do ser humano.
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