terça-feira, 17 de abril de 2012

BAJO



Amanhã embarcamos (Lé, Fá, Ela e eu) para mais uma viagem. À noite, vôo Beagá/Barcelona, com escala em Lisboa. De Barcelona pegaremos um trem (composição ferroviária sobre trilhos) até Valência. Dormiremos em Valência.

Sexta-feira vamos para Torrellano Bajo, P1, número 7, que fica nos arredores de Elche. Visita à Tonica, oitenta e poucos anos de idade, filha de meu tio paterno Carlos. Dizem louca de jogar pedra em aviões. Vamos nos dar muito bem, com toda certeza.

Sábado voltamos para Barcelona. Às vinte horas estaremos Lé e eu no Camp Nou para assisitir Barcelona e Real Madri pelo Campeonato Espanhol. Fá e Ela triturando cartões ou eurrores.

Domingo permaneceremos em Barcelona.  Almoço com Raul (amigo do Lé) e familia.

Segunda-feira Lé e Fá seguem para Paris. Ela e eu vamos para Istambul, Turquia. Embarcamos, imediatamente, no próprio aeroporto para Capadócia.

Terça-feira passeio de balão.

Quarta-feira voltamos para Istambul e, do aeroporto mesmo, vamos para Esmirna.

Quinta-feira vamos para Kusadasi.

Sexta-feira até terça-feira em Istambul.

Sinto que esse momento sugere um novo ciclo. Ficam para trás lembranças de momentos importantes, expressivos, de elevado significado.

O que está por vir?

Exposto que estou na rede, suponho que boa parte de todas as pessoas com as quais eu convivi até aqui na esfera profissional deve estar se perguntando: “Esse cara chutou o balde? Parou de trabalhar? Vive de brisa? Ganhou na loteria? Cuméquipode?”

É o seguinte.

Tenho uma herança de projetos realizados com sólidos resultados e de impacto em ambientes organizacionais. Trocentas pessoas que viveram comigo aprendizados. Aproveito para registrar que estou a serviço e pretendo manter-me, sem neuras.

Tenho uns trocados guardados que dão para a bóia. Alguma riqueza econômica com liquidez financeira de médio prazo para eventualidades e para custear até a decrepitude.

Mas não é isso que conta para mim agora.

Ao longo de todos os meus amados sessenta anos vivi embalando um desejo, quase clandestino: de fazer o que estou fazendo agora. O quê? Elaborar a vida a partir da linguagem. Tirar das letras, se necessário, minhas vísceras e compreender-me. Tenho agradecido todos os dias atuais por este privilégio, o de poder parar e perguntar: e daí?

Ao longo do último final de semana estive olhando para o tempo. Estava em Santa Luzia. E senti quanto eu gosto de abril. E descobri o outono. O céu anil, a vegetação verde de um verde diferentes dos outros verdes de outras estações. Um verde vivo, mas que se amarela, gradual e lentamente até chegar à época da queda em folhas.

Lembrei-me de Nietzsche: “Repara que o outono é mais estação da alma do que da natureza.”

Simples, assim. Há muita gente, há muitos anos, que não olha para o céu.

E, de quebra, lembrei-me de Camus: “Outono é outra primavera, cada folha uma flor.”

Virá em agosto. E de lis.


Até breve.

3 comentários:

  1. O bacana é que, qualquer assunto que apareça, sempre acaba em LIZ...

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  2. Boa viagem e grandes experimentos. Não deixe de postar!

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  3. Isso aí.. nada como colher frutos de uma vida de dedicações e ponderações.. e daí??? E o melhor ainda estar por vir... em agosto!!!! bjaooo boa viagem, aproveitem, voces merecem!

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