quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

SEIVA VI



- Dona Rosa, é isto?!!!
- Não se preocupe. A hora que lavarem melhora...
Eu estava na sala de espera da maternidade conversando com a minha sogra, quando a enfermeira saiu da sala de parto trazendo, no colo, a criança que acabara de nascer.
Parecia um rato. E sujo.
Nossa sorte, marinheiros de primeira viagem, que as dores começaram numa hora que eu estava em casa. Peguei o carro, coloquei Ela dentro e fomos para o Hospital. Faltava gasolina no navio. Parei no posto de abastecimento e disse pro frentista:
- Enche rápido, que meu filho tá nascendo!
- Onde?
- Aí dentro do carro...
O rapaz segurava a mangueira tremendo igual vara verde. Eu não. Tranquilo igual cobrador de disputa de pênaltis em final de Copa do Mundo.
- Mas, Dona Rosa, a senhora viu como é feio e esquisito???
- É assim mesmo, daqui a pouco ele vai pro berçário você vai poder vê-lo e aí...
Quando eu o vi arrumadinho no berço eu coloquei as mãos atrás da cabeça e disse prá eu mesmo aos gritos:
- PUTA QUE O PARIU! EU SOU PAI! GRAÇAS A DEUS! ELE É BONITO PRÁ CARALHO!
Na primeira consulta com o pediatra, inesquecível DOUTOR Salvatore Lucce, quase que eu matei esse médico. O irresponsável pegou meu querido filho como se fosse um coelho e virou o menino de tudo quanto é jeito. Falei prá Ela:
- Eu vou dar um porrada nesse cara, já já...
Foi aí que eu perdi o medo de segurá-lo. Doutor Salvatore foi, talvez, aquele que primeiro me ensinou a ser pai.
Os avôs, na semana anterior do parto, haviam combinado que o neto teria que torcer pelo time que vencesse a partida. O filho da puta do Cruzeiro perdeu. Deu galo. Belo dia chega meu amado sogro com o uniforme completo do time da cachorrada. Esse ingrediente vai junto, porque meu genro também é fanático e sofredor. O sogro da Pretinha também. Ela também. A Pretinha também.
Melhor desconsiderar e seguir lavrando este texto.
Eu estava em São Paulo, a serviço, e resolvi comprar um presente que, para todo o sempre, meu filho lembrasse e jamais tivesse dúvida o quanto ele era querido pelo seu pai. Um aviãozinho movido a pilha. Um espetáculo de duas lâmpadazinhas vermelhas na frente das asas. Cheguei eufórico, desembrulhei o pacote, retirei a aeronave e entreguei ao menino de pouco mais de dois anos que brincava com um pedaço de graveto.
- Olha que o papai comprou!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
- Hãrran, disse o menino com o maior desdém à aeronave e continuou brincando com seu maldito graveto.
Meu filho dava ali a primeira de inúmeras lições que tenho apreendido e aprenderei com ele ainda.
Ser pai é ser coadjuvante.

Até breve.

5 comentários:

  1. Os coadjuvantes tambem ganham oscar. Não raro, sao os principais responsaveis pelo sucesso da pelicula. Este e um deles...

    ResponderExcluir
  2. eeeeeee gente... deixa a Fá vê o Vlad peladão assim.... eita "coadjuvante" que participou direitinho gente!!!! bjos

    ResponderExcluir
  3. Gente, ele já era lindo desde essa época!!!

    ResponderExcluir
  4. Gente, esta foto está parecendo NOva Almeida. A primeira praia que Vladimir foi e lá passamos o seu aniversário de 1 ano. Vou confessar, o menino sempre foi bonito, esperto e bem humorado . . . e nasceu atleticano. Tudo de bom !

    ResponderExcluir