Completamos o quarto dia em Bogotá, Colômbia. Em ritmo mais cadenciado que em outras viagens por força de estar conosco nossa filha que, todos sabem, está em estado interessante ou embarazada.
Corri os dias com absoluta irresponsabilidade, sem programas, levado por aqueles que acompanho, com o espírito leve e disponível a qualquer tipo de experiência. Nem o compromisso de estar aqui no dasletra me assolou, até porque nunca o entendi como tal.
Assim, sem muito cuidado, registro algumas experiências que prefiro nomeá-las como Cláudio sugeriu: sensações.
Na sexta-feira, fomos almoçar no restaurante Casa Vieja, sensacional. À noite, fomos a um restaurante-boate-dancing chamado Salto Del Angel. Ficamos em uma das varandas da casa com aquecedores daqueles que descobrem a temperatura que seu corpo demanda. Até jantamos pratos divinos regados a um bom vinho. Dançamos um pouco. Estávamos sendo recepcionados por Bogotá de forma calorosa, intensa e prazerosa.
No sábado, chovia fino, fomos à Praça Simon Bolívar, centro cívico onde estão instalados o Palácio da Justiça, a Prefeitura, o Congresso e a Catedral. Em uma rua paralela a Catedral, fomos a um restaurante (?), de dezesseis metros quadrados de piso (incluídos a cozinha e o caixa), e um mezanino de dois metros de largura por quatro de comprimento. Porta Falsa o nome da birosca. Perguntei ao tataraneto do fundador (em 1816) o porquê do nome. Ele respondeu, com atenção em outro cliente que lhe demandava um pedido: “verdadeira, só a da Catedral”. Lanchamos ali algo como um composto quase centenário, apesar de não ter nem uma hora que havíamos acabado de tomar o café da manhã. Apenas pela sensação de estarmos sentados em um banco voltado para a parede e os pratos e xícaras sobre uma peça de madeira de uns trinta centímetros de largura. Must!
Almoçamos no Sanalejo. Perguntei a um dos garçons porque do nome. Ele explicou que Sanalejo é um tipo cômodo de despejo onde colocamos coisas que não nos servem mais. Aí entendi a decoração da casa.
Ceia de navidad no hotel onde nos instalamos. Que nenhum colombiano nos ouça, mas nada mais brega. Tudo, literalmente tudo. Jantar um horror e Cláudio escolheu a dedo o vinho, espanhol da pior qualidade, apenas para compor. Saímos felizes à beça, rindo à toa. Santa diversidade.
O domingo foi o dia, até aqui, o de melhores sensações. Fomos visitar a maior maravilha da Colômbia: a Catedral de Sal, em Zipaquirá, a uns trinta e poucos quilômetros de Bogotá.
A Catedral de Sal foi construída no interior das minas de sal de Zipaquirá. Santuário católico de quatorze esculturas nas rochas salineiras que representam a via crucis de Jesus Cristo. A iluminação que alterna as cores das esculturas é um dos pontos altos, dando ao lugar uma beleza extraordinária. No final da visita fomos brindados com um show eletrônico de luzes em uns dos salões da mina, a cento e oitenta metros de profundidade. Procure saber mais a respeito e, podendo, vá visitar. A Capela do Sal é mesmo uma das maiores maravilhas do mundo.
Saindo de lá, fomos almoçar no restaurante Andrés Carne de Res. Vocês não podem imaginar o que é o lugar e ninguém será capaz de descrevê-lo. Só experienciando-o. Entramos as 14:19 horas e saímos às 16:40 horas. Nessas quase três horas fomos recebidos por jovens maravilhosos, de uma simpatia e belezas ímpares, com um carinho e um atendimento primorosos. A decoração é indescritível, a comida inenarrável, a música visceral. Certa altura apareceu o proprietário cumprimentando os clientes e tomou de um microfone para iniciar uma gincana: quem descascasse o maior número de batatas, não pagaria a conta. A rua lateral do restaurante, sem tráfego de automóveis, ficou repleta de pessoas que, sobre uma grande mesa descascavam batatas e as lançavam dentro de baldes. Tudo sendo transmitido em aparelhos de TV espalhados pelos inúmeros salões do restaurante. Ao final levaram para fora um pernil assado e o serviram aos competidores. Uma alegria coletiva contagiante. Cláudio com a máquina aberta para filmar me perguntou: “Então Agulhô, qual é a sensação?” Meu espírito manteve-me calado. Prazer não encontra palavras.
Fomos a museus no sábado e hoje. O Museu do Ouro, ímpar no mundo, cujas portas internas dos salões são como cofres de bancos, dado ao valor artístico, histórico, cultural e da matéria prima das peças expostas. Ao Museu Botero do artista colombiano, ao Museu da República onde estão expostas peças de artistas maiores como Picasso, Dali, Miró e outros desse quilate. Visitamos ainda o Museu da Moeda, interessantíssimo também.
No paladar ainda fica a sensação trazida pela beleza de Stefânia, uma das jovenzinhas que nos atendeu no restaurante Andrés. Fica ainda a doce música de Babel, irmão de Andrés, de quem trouxe um CD. Na parte interna do estojo que contém o CD lê-se:
“Canciones intimas e artesanales son aquellas que lejos de luminárias escénicas, virtuosismos alucinantes y maravillas electroacústicas, se cantan com voz baja y recogimiento de alma, em la soledad de la habitacion o em la soledad del bosque o de la playa. O em las afueras de la ciudad, al término de la fiesta, cuando todos se han ido ya, excepto uma pareja que vestida de blanco y ouvidada del mundo baila descalza, sobre las boldosas de la pista abierta ao cielo del restaurante Andrés y su media naranja.”
Amanhã vamos de avião para San Andrés. O oceano de sete cores nos aguarda.
Acha coração...
Até breve.
Estamos aqui acompanhando tudo.. e com muita saudade.. aproveitem!E voltem cheios de novidades!!! bjos Camila
ResponderExcluir