quinta-feira, 29 de setembro de 2011

MITIMAES

Ontem, pela manhã e bem cedo, deixamos a região de Juliaca e Puno onde azula, esverdeia e acizenta, sua majestade o Lago Titikaka. De avião fomos para Cuzco em viagem de meia hora e, do aeroporto mesmo, via terrestre por quase duas horas, para Pisac na região do Vale Sagrado.
Corre rápido o Rio Sagrado e às suas margens, direita e esquerda, 76 km de extensão de áreas cultivadas para subsistência com mais de 3000 espécies de batatas e 176 tipos de milho.

Visitamos o Parque arqueológico de Pisac, onde se encontram obras monumentais realizadas pelos Incas há setecentos anos atrás. Residem ali, ainda, alguns remanescentes da civilização que mantém o idioma e o código de conduta. Aos domingos alguns descem ao vale para trocar seus produtos como vegetais, tecidos e cerâmicas por outros essenciais como sal, açúcar e arroz.

Não me parece possível fazer um relato objetivo que dê conta do que é o Parque Arqueológico de Pisac. Inacreditável como foi possível a realização de todas aquelas obras. Do pé das montanhas até o topo (onde foram construídos edifícios militares, observatórios e templos religiosos) há um desnível de 1200 a 1300 metros. Como eles foram capazes de levar todas aquelas pedras deve ser uma das mais extraordinárias façanhas da história humana. Não havia animais de carga. Conie, nossa guia, nos mostrou ilustrações de homens puxando por cordas as pedras, algumas imensas, que rolavam sobre galhos de árvore.

Hoje, pela manhã, viajamos para OllantaYtambo, onde está o Parque Arqueológico do mesmo nome. Outro impacto. Fui privilegiado em conhecer diversas partes do mundo. Confesso que essa visita, embora breve, não poderia ser mais intensa. Também não me considero capaz de relatar o que é Ollanta (guerreiro) Ytambo (descanso). É preciso estar aqui para experiência-lo.

Há, no entanto, uma informação interessante. Os Incas eram escalonados em classes sociais:
Ø      PANACAS : família do Rei
Ø      ELITE IMPERIAL: filhos do Rei
Ø      ELITE PROVINCIAL: Nobres de privilégio e sacerdotes
Ø      AYLLUS: arquitetos e tecelãs
Ø      MITIMAES: Colonizadores
Ø     YANACONDAS (ladrões, preguiçosos e mentirosos) e os PIMAS, que eram os conquistados todos escravos a serviço do Rei.

A classe do meu especial interesse foi a dos MITIMAES, formada pelos colonizadores, aqueles que vagavam pelo mundo conquistado pelos Incas tendo como tarefa ensinar aos povos subjugados a crer no Deus Sol e a falar o idioma Quecho.

À tarde, nos deliciamos com a viagem nas primeiras poltronas do trem que nos trouxe para Águas Calientes. Hospedamos-nos em um hotel de tirar o fôlego. Oito hectares de mata fechada e preservada. EXUBERANTE! Aos pés de avarandada suíte corre agora caudaloso o Rio Sagrado.

Amanhã, Wilma nossa nova guia, vem nos buscar para o programa do dia. Temo como será estar em MACHU PICCHU, santuário dos Incas.

Até breve.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

LAURA

Cometi um equívoco no post de ontem. Os Uros não fugiram dos espanhóis, mas sim dos Incas. Meus ancestrais paternos não podem receber esse ônus. Na verdade foram os Incas que tentaram impor sua cultura aos Uros e escravizá-los. Quando os espanhóis chegaram com seus escudos reluzentes, cavalos alados e enfermidades eles subjugaram os Incas e sequer interessaram-se pelos Uros, pois ninguém sabia onde encontrá-los e também não tinham nenhuma propriedade a ser conquistada. Naquelas alturas estavam construindo as suas ilhas flutuantes de tutora e lançando ao Lago Titikaka.
O Lago Titikaka está a quase 4000 metros de altitude, mede de superfície 8500 km² e tem áreas de até 280 metros de profundidade. Um oceano de água doce azul, verde e griz (cinza). Nos hospedamos no Hotel Titilaka e nossa suíte ficava a beira do lago. À noite, as ondas quebrando na praia fizeram-me duvidar de estarmos mesmo diante de um lago de água doce. Uma maravilha.
Voltando aos Uros, fico com uma preocupação: se eles sobreviverão à globalização, essa mazela que vitima individualidades.
Houve outro equívoco no post de ontem, esse menos grave. A vista do solo não era de cima do avião, era de cima no avião. Eu não estava fora e encima do avião, mas dentro da aeronave. Minha aventura, estando perto dos sessenta anos, é de outro calibre. Busco exercícios que expandam meus músculos cardíacos e cerebrais. Expandir sentimentos e alargar conhecimentos que de fato valham à pena.
Ontem fomos à Taquile. Deste sempre vive nessa ilha um povo. Hoje ele está organizado em seis comunidades e governada, com absoluta independência e desinteresse do governo, por líderes eleitos no mês de novembro por todos os moradores. As 2300 pessoas nativas da ilha vivem da pesca do Lago Titikaka, da agricultura alocada às margens do lago e criações de vacas, ovelhas e porcos. Não há nem cães e nem frangos, ambos não suportam o frio de menos doze graus a zero graus de abril a setembro (pois é, estamos ainda em setembro) e de nove a 22 graus de outubro a março. Ficamos sabendo, no entanto, de que quem manda na ilha de Taquile, de fato, olhem que inusitado, são as mulheres.
Sobre as mulheres da ilha há um outro particular. Os terrenos para construção das moradias são distribuídos pelas famílias no momento que os filhos decidem unirem-se em matrimônio. Quem cerca os lotes são as mulheres. Por favor, é importante acreditarem: a cerca é feita com pedras cuidadosamente alocadas uma sobre a outra até a altura de 1,20 m a 1,50m e alinhadas e aprumadas de uma exatidão de fazer inveja a qualquer oficial pedreiro de colher completa. Detalhe: há pedras que pesam em média trinta quilos (algumas chegando até sessenta quilos) e como não há animais de carga são as mulheres que transportam nas costas. Como conseguem: mastigam coca e algumas tomam álcool puro. Viram o bicho! Santas mulheres.
Fomos recebidos pela família de Alex, um nativo de 23 anos que construiu sua propriedade com Fiorentina, sua esposa. Têm dois filhos: um bebê de um mês e Laura de dois aninhos, uma chiquita bacana. Inesquecível estadia: vimos como vivem, o que fazem para sobreviver e como funcionam as comunidades. Foram expostas várias roupas, gorros, cintas e outros produtos todos feitos pelas mulheres da comunidade utilizando somente insumos extraídos na própria ilha: lã das ovelhas, tintura de folhas cultivadas na propriedade. Fiorentina fez demonstração do preparo de xampu e detergente; Alex, apoiado por Laura, o amassamento do milho para fazer farinha, enquanto isto o fogo ardia pedras sobre as quais cozinhavam batatas.
Fomos convidados para um lanche. Batatas assadas, sopa de quinua com legumes e um queijo de arrepiar de inveja os comerciantes de qualquer banca especializada do mercado municipal. Para arrematar: chá de folhas de coca. Um banquete com furor!
Há ainda algo a registrar: o processo de acasalamento. Para namorar cabe ao homem demonstrar interesse jogando uma pedra (pequena) em direção à mulher pretendida por ele. Se a moça estiver interessada lança de volta uma pedra em direção ao rapaz galanteador. Se não, convém que o homem evada-se e rápido das proximidades, já que há riscos reais dele ganhar um paralelepípedo como resposta.
Despedimos-nos, o que levou mais de meia-hora, e quando saíamos da propriedade vimos Laura, a chiquita bacana, na porta da casa acenar e com um gritinho e um sorriso imenso nos lábios dizer:
- Tchau!

Ate breve.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

UROS

Estou há muitos dias e por razões diferentes sem trazer ruminescências. Nesse momento encontro boas razões para retornar. Viajamos no sábado pela manhã para o Peru, onde vamos permanecer até o domingo. Lima, Juliaca, Cuzco e Machu Picchu.

No sábado o primeiro impacto: a impresionante imagem do solo vista de cima do avião ao longo de boa parte da viagem. Inóspito, selvagem, pontiagudo, sem vegetação, com cortes profundos, longos sem a menor possibilidade de ocupação humana. Ao mesmo tempo de uma cor e grandeza estonteante. Achei que alí começava a valer a pena a viagem.

Quando o avião aproximou do aeroporto de Lima outro impacto. O oceano pacífico majestoso contido por um paredão rochoso com mais de oitenta metros de altura ao longo de todo o litoral.  Chocante. Tantas impressões iniciais impactantes. Outra, o trânsito, um horror com buzinas estridentes fazendo uma sinfonía urbana de endoidar.  Outra mais, a Praça das Armas com a Cadetral majestosa e os prédios do governo construídos dentro de um conceito arquitetônico singelo mas muito interessante. Passeamos muito por Lima no sábado e domingo e adoramos a cidade. Acostumamos com tudo o que nos impressionou na chegada. As buzinadas passaram a fazer sentido na medida em que compreendemos que elas nunca servem a nada. Ninguém as considera nem dentro e nem fora dos carros.

Na segunda-feira voamos para Juliaca em uma hora e quarenta e cinco minutos de vôo. Juliaca foi outra paulada no conceito. Quatrocentas mil pessoas vivem na cidade, que fica a 3825 de altitude, sem saneamento, isto é não há tratamento de rejeitos. Tudo é lançado em um lago. A quase totalidade de casas e predios, poucos e com poucos pavimentos, sem reboco externo. Procurei saber a razão: a casa rebocada por fora paga imposto ao Estado. A cidade é feia de doer, não me parece que valha a pena.
Juliaca fez parte do roteiro, de passagem, porque foi lá que tomamos uma pequena embarcação com destino ao que nos levou a um misto de encantamento e esturpor. Fomos visitar as ilhas flutuantes onde vivem os UROS.

Os UROS falam o próprio idioma. Sua cultura estabelece um principio e uma regra de conduta. O principio: hoje para você, amanhã para mim. Isto é: hoje te ajudo a construir sua casa, sua ilha flutuante, consertar seu telhado, tecer suas roupas; amanhã você fará o mesmo por mim. A conduta: não seja preguiçoso (AMA QUEILA), não seja ladrão (AMA SUA) e não minta (AMA LULLA).

Os espanhóis destruiram os Incas pelas enfermidades. Armando, um de nossos guias, nos falou que os espanhóis trouxeram doenças que vitimaram três milhões de Incas. Com seus escudos reluzentes ao sol e seus cavalos alados assemelhavam-se a Deus e escravizaram os Incas e tentaram fazer o mesmo com os Uros. Vinte famílias dos Uros conseguiram se salvar  embrenhando-se pelas plantações de tutora (uma planta que se assemelha ao bambu e que dá com abundancia no lago).  Com as raízes da tutora fizeram placas de dois metros de altura que serviu como base das ilhas flutuantes e com a tutora fizeram suas casas, seus móveis, seus barcos.

Estão desde 1495 no mesmo local, renovando suas gerações e mantendo sua cultura com o mesmo principio e conduta. Falam o idioma AYMARA há quinhentos anos. Hoje vivem 63 famílias, cada uma em sua ilha que mede entre quatrocentos e seiscentos metros quadrados, onde abrigam perto de 2500 pessoas.

Algumas viagens nos servem para tantas coisas. Esta me presta uma lição de humildade.

Hoje fomos a uma ilha em rocha firme, TAQUILE. Estivemos com nativos e vivemos outras experiências inovidables. Logo, logo relato.

Até breve.
   

domingo, 18 de setembro de 2011

SOBREVIVENTES

Estou desde sexta-feira em mais um evento da Consulting House no Hotel Jequitimar da Rede Sofitel Luxury na praia de Pernambuco, Guarujá, São Paulo. Manhã livre neste domingo. Já me banhei das águas frias desse mar.
Relato de maneira breve algumas partes do profícuo encontro em que estiveram mais de cem acionistas e executivos e seus respectivos acompanhantes.
Fiz a abertura de um dos módulos do evento com Álvaro Mangino, uruguaio que em 1972 junto com outros quarenta e quatro passageiros e tripulantes sofreu acidente aéreo na Cordilheira dos Andes. Álvaro relata momentos cruciais dos setenta e dois dias em que ficaram perdidos na geleira com temperatura inferior a trinta graus centígrados. Das quarenta e cinco pessoas envolvidas no acidente foram resgatadas dezesseis com vida e uma história sem precedentes para contar, o que fizeram somente trinta anos depois de ocorrida a tragédia. Um dos trechos mais impressionantes é quando Álvaro relata que coube a ele, por força das suas circunstâncias (ficou praticamente imobilizado porque teve uma das pernas quebradas no momento da queda), a tarefa de cortar os pedaços dos colegas mortos para alimentarem-se.
Nosso governador, Anastasia, fez uma das palestras do evento onde abordou a questão da gestão fazendo paralelos entre a pública e a privada e quão é difícil conduzir a máquina do estado. Saí da palestra com a impressão de que continuamos num impasse histórico enquanto sociedade: optamos por governantes autoritários e/ou corruptos que atropelam a administração em prol de interesses quase sempre privados e espúrios ou optamos por líderes honestos, mas paralisados por uma burocracia anacrônica que emperra a máquina? Optamos pelo “rouba, mas faz”, ou optamos pela honestidade com paralisia? Claro, nenhuma coisa nem outra, mas então o quê? Grande encruzilhada da democracia contemporânea. Para Anastasia, por quem tenho especial admiração, a bola está com a sociedade e há sinais importantes de avanços, mas que provavelmente serão necessárias décadas de revisão de nossa Cultura para que ocorra, de fato, alguma mudança significativa. Quem sobreviver, verá.
Participei do Painel: Impactos resultantes dos processos de Fusão, Aliança ou Aquisição de Empresas. O moderador foi um diretor da Natura e na mesa estiveram contribuindo para o debate: uma diretora da Trench, Rossi e Watanabe Advogados (uma das mais conceituadas e demandadas bancas do mundo sobre o assunto), um diretor da Oracle, um diretor da Pepsico, um diretor da TAM, um diretor do IBOPE e eu.  Contribuí ao longo do painel com algumas provocações: originalmente, antes do processo de fusão, aliança ou aquisição, a empresa já se encontra diante do desafio de harmonizar as áreas internas que operam dentro de um cenário de grandes incertezas. Com a possibilidade ou concretização do processo ocorre a amplificação desse desafio porque chega um estranho, oportunizando desajustes organizacionais e ampliando o rol de incertezas. A organização que o recebe fica entre a agregação, a conformidade ou a conduta predatória de seus colaboradores. Na sessão dos debates um dos participantes da plenária queixou-se da morosidade do CADE na análise dos processos e pediu a opinião dos painelistas: a minha foi que eu lembrei-me de que, aos vinte e nove anos, operei de vasectomia e o médico me deixou durante mais de meia hora deitado na mesa de cirurgia, quando voltou reclamei com ele da demora e ele me disse que por várias vezes muitos pacientes antes da meia hora desistiam da operação. Em outro momento um participante disse que deveríamos importar dos americanos (mais essa!) a sua forma pragmática de tomar decisões. Devemos ser “curtos e grossos” e dizer a todos os envolvidos: vai ser assim, assim, assim... E também pediu a opinião dos painelistas: a minha foi de que me lembrei do Generalíssimo Franco, ditador espanhol, responsável por eu ter nascido no Brasil. Meus avós paternos emigraram para a América do Sul, quando da penúria resultante da guerra civil espanhola. Contam que Franco estava agonizando no seu leito de morte, quando entra o seu ajudante de ordens e diz:
 - “Generalíssimo, o povo está na praça...”
- “O quê que eles querem? Pergunta o ditador.
- Vieram despedir-se do senhor... Diz laconicamente o ajudante.
- Prá onde eles vão? Consulta-lhe o grande generalíssimo.
Na verdade, pairou sobre o debate, tanto por parte dos painelistas quanto dos participantes da plenária uma preocupação com o impacto sobre os demitidos no processo de fusão, aliança ou aquisição de empresas. Comentei que estive envolvido em projeto de preparação para a privatização de uma grande companhia de São Paulo que foi desmembrada em quatro empresas. Em um dos quinze workshops que conduzi com um total de novecentos e sessenta executivos daquela empresa, um dos participantes veio me perguntar:
- “Porque esquartejaram a minha mãe?”  
Viver está mesmo muito perigoso.

Até breve.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

LAÇOS

Recebi, de pessoas e em datas diferentes, duas provocações que me fizeram refletir. Sugiro que o leitor faça um paralelo após assistir aos dois vídeos nos endereços abaixo.



Não é meu propósito a simples transferência dos vídeos. Espero estar contribuindo no paralelo.

Até breve.

sábado, 10 de setembro de 2011

VAZIO

Na noite da última quarta-feira assisti no Canal Brasil o programa “Coisas pelas quais vale a pena viver”. A entrevistada de Domingos de Oliveira e sua esposa Priscilla foi a ATRIZ Fernanda Montenegro. O programa foi gravado no palco de um pequeno teatro com tomadas de cena quase sempre de Fernanda em primeiro plano e de costas para a platéia vazia.
Fernanda está com mais de oitenta anos.
Ao longo da impagável entrevista Fernanda relatou a formação de sua carreira. No início, o teatro era marcado pela disciplina da direção rigorosa aos pés do texto. Cada gesto, cada entonação da fala era medida, cada local para cada palavra ou frase era preciso e para tanto ensaiavam inúmeras vezes. E ela fez todos os mais importantes dramaturgos, com exceção de um ou outro, entre esses, Shakespeare. Numa intensidade extenuante: em uma temporada (um ano) fez quatrocentas apresentações, com duas sessões às sextas e sábados, e matinês pela manhã e duas sessões aos domingos.
Comentou o que é agora ver seus contemporâneos partirem e junto com eles levar parte da história e, também ela, ter que se preparar para sair de cena. Literalmente.
Em um trecho da entrevista ela falou do lugar do ator, do artista. Disse que se trata de um trabalho solitário, particular e que só se realiza pelo desejo inenarrável da figura humana que é um artista. “O que fazemos é desnecessário. Estar aqui (apontando a arena do palco) é, para muitos, absolutamente sem nenhuma funcionalidade prática”. Para fundamentar sua fala lembrou-se do tempo em que lutava junto com tantos outros pela liberdade e que, numa das várias reuniões com atores, surgiu a idéia de fazer uma greve. Não encenar, fechar o teatro em sinal de protesto. Ela disse que foi Fernando (Fernando Torres, seu marido, já falecido) quem abortou a idéia: “Não podemos fazer isto. Vai que acostumem e depois ninguém volte ao teatro”.
Há nove dias eu estava sem escrever neste espaço.
Na quinta-feira, agora, um cliente e amigo se matou. Estava com setenta anos.
Fernanda, perguntada sobre a fala que mais lhe marcou em toda a carreira, citou a de uma personagem que fez quando muito jovem. Por diversas vezes ao longo da peça e em diferentes circunstâncias ela esboçava uma expressão de desalento e dizia: “Ah, mãezinha, como dói... Ah, como dói...”
No fundo este post está construído por outra razão. Quem é íntimo sabe.
Até breve.