Estive no último final de semana, de sexta-feira a domingo, no paraíso. Hotel Ponta dos Ganchos Exclusive Resort, Florianópolis, Brasil. À trabalho.
Gozo de privilégios. No cardápio degustações de várias maravilhas gastronômicas e etílicas, além do irrepreensível atendimento do maravilhoso resort da rede Relais & Chateaux.
Conduzi workshop de vinte e oito presidentes de empresas nacionais e transnacionais, algumas com faturamento anual global de perto de US$35 bilhões. A demanda: produzir um vôo rasante sobre a conjuntura atual, perspectivas e o que, em síntese, tira o sono dos líderes presentes ao encontro.
Estamos diante de uma crise esperada e desejada. Chegamos ao futuro que queríamos: somos um país com oportunidades extraordinárias de crescimento em praticamente todos os segmentos da economia, com imensas chances de viabilizar investimentos de monta e a consequente elevação do padrão de qualidade de vida de nosso povo, mas não nos preparamos o suficiente e temos expressivas dificuldades em empreender soluções de curto e/ou médio prazo.
Essa é uma macro-conclusão do debate de quatro horas com o grupo.
Temos escassez quali-quantitativa de mão de obra, em todos os níveis e competências; um Estado sem visão de longo prazo e com prática ainda incapaz de gerir de forma estratégica e eficiente as inúmeras prioridades que se apresentam; ausência de um projeto de país que seja orientador para empreender; marca e custo Brasil ainda carentes de ações de impacto; marcos regulatórios como fatores restritivos importantes que muitas vezes emperram investimentos ou são geradores de aguda insegurança jurídica; pouca ou inexpressiva representação política da classe empresarial, liderança ainda carente de formação a altura do desafio.
São fatores que, de maneira geral, tiram o sono dos líderes presentes ao encontro. O que fazer e como fazer são as perguntas que ficaram postas, o que remete ao alargamento e aprofundamento de alternativas que possam fazer frente às dificuldades e viabilizar a chance histórica em que o Brasil encontra-se.
O melhor do evento não foi o workshop, até porque, quem o conduz é um ingênuo. O que torna o lugar um paraíso é o encontro com pessoas diferenciadas, como o presidente de uma empresa de tecnologia e guarda de documentos. Um figuraço. Ele fundou a empresa e foi comprado pela maior empresa do mundo no setor. Hoje ele preside A Unidade de Negócios para a América Latina.
Ouví-lo é um bálsamo à alma e ao intelecto. Sobre o negócio que opera, sobre arte, cultura, política, comportamento, o cara discorre sobre tudo com uma desenvoltura, humor e simpatia contagiantes. Entre as preciosidades, uma em especial: ele escreve regularmente para um jornal, editado na França chamado “Ao Inútil”, assim mesmo em Português. Os colaboradores do jornal são assumidades catalogadas no mundo inteiro (da América Latina são apenas cinco).
Ele comentou que um dos colaboradores do “AO INÚTIL”, por exemplo, escreveu um texto fazendo um paralelo do desenvolvimento recente da tecnologia a partir da evolução das pistolas de pintura de automóveis; ou, sobre outro sujeito, que coleciona modelos de ferros de marcar gado e já tem 150 mil peças catalogadas.
Ontem, fiz um programa mais útil. Sobrevoei de helicóptero durante várias horas, na companhia de um cliente do setor de agronegócio, inúmeras lavouras de diferentes culturas da região de Ribeirão Preto-SP até o triângulo mineiro. Fizemos um percurso em torno de 250 Km em linha reta. De um lado e de outro e à frente, um campo integralmente ocupado com produção com alto índice de emprego da melhor tecnologia agrícola.
Hoje, no final da tarde, retornando para casa, um caos: manifestação dos professores estaduais.
Estou pensando em enviar este post para o jornal “Ao inútil”.
Até breve.