OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: O texto deste post está vinculado a uma sequência diária que se iniciou no dia 31.05.2011. Para sua melhor compreensão convém ler do primeiro texto em diante. Obrigado.
A frase para hoje é: “A DECISÃO MAIS DESTRUTIVA QUE UM INDIVÍDUO PODE FAZER É ABRIR MÃO DE SUA AUTORIDADE DE TOMAR DECISÕES AUTONOMAMENTE.”
Essa frase, a última, leva ao momento mais relevante da dinâmica. Os participantes apresentam dúvidas no posicionamento. O grupo se distribui nas quatro alternativas colocadas pelos cartazes. O debate acalora:
Ouvi dos que discordam:
‘Não acho que o que mais destrói uma pessoa seja a delegação... ’
‘Sempre é muito importante você discutir, no plano das idéias, para tomar as suas decisões... ’
‘Acho que isso é autoritarismo... Não trocar com os outros as decisões...
‘Essa frase nega totalmente a gestão participativa, a liderança democrática, a contribuição das equipes. ’
Ouvi dos que concordam:
‘Concordo, porque não posso abrir mão de minha autonomia... ’
‘Mesmo quando divido com outras pessoas minha decisão, antes usufruí da minha autonomia.
‘O que mais me destrói é quando abro mão de mim mesmo... ’
O espaço de um post jamais será suficiente para eu transmitir quão intensos foram e serão ainda os seminários onde são colocadas essas questões. Quando termina a dinâmica com todas as frases, que dura entre duas horas e duas horas e meia, faço um intervalo. Muitas vezes saio, confesso arrasado. São muito contundentes e expressivas as manifestações de pessoas de diferentes cidades do país, sexo, idade, posição hierárquica, escolaridade, nacionalidade. Especialmente por ocasião desta última frase.
Inúmeras vezes e em diferentes seminários, quando o debate se intensifica nessa última frase, já na segunda rodada da dinâmica, escolho dois participantes que se sobressaem na disputa. O grupo está deliberadamente dividido entre duas posições antagônicas. Consulto se em função dos argumentos colocados alguém se propõe a mudar de posição. ‘NÃO!!!’ gritam alguns, cruzando rigidamente os braços. Dirijo-me a um dos participantes posicionado em DISCORDO TOTALMENTE:
- ‘Por que você está aí?’
- ‘Porque me considero um sujeito democrático e entendo que devemos sempre ouvir os outros antes de tomarmos nossas decisões. ’
Dirijo-me ao participante escolhido que está na posição de CONCORDO TOTALMENTE:
- ‘Você concorda com o seu colega?’
- ‘Não!’
- ‘Por que você está aí?’
- ‘Porque estou convencido de que o que mais me destrói é abrir mão da minha autonomia. ’
Os demais participantes solidarizam-se e aplaudem os colegas de posicionamento. Há uma disputa para que haja transferência entre os grupos, sobre as mais bizarras argumentações: você é burro, não sabe ler, ditador. Volto-me para o opositor, aquele que está em DISCORDO TOTALMENTE.
- ‘Você concorda com o seu colega que o que mais nos destrói é quando abrimos mão da nossa pessoalidade?’
- ‘Não!’
Aumento o tom de voz e determino veementemente que o participante troque para o lado oposto.
-‘Num vô!’
Dramatizo a situação, pego o participante por um de seus braços e o puxo para o lado oposto. Alguns resistem até de forma grotesca. Comoção e inquietação geral. Fixo os olhos no participante que movimentei e pergunto-lhe:
- ‘Como você se sente?’
- ‘Puto!’ (Como são mais de dez mil pessoas que já passaram pelos seminários, essa resposta varia, mas não o sentido.)
Observo aqueles que estão posicionados no CONCORDO TOTALMENTE experimentando certo sentimento de triunfo. Dirijo-me a um dos seus representantes e:
- ‘Você considera que sua decisão pode ser melhor se consultadas outras pessoas?’
- ‘Sim...’
- Então mude para lá, digo apontando para o grupo do DISCORDO TOTALMENTE.
- ‘Não.’
É mesmo angustiante constatar a nossa fragilidade.
No post de amanhã faço uma síntese. Obrigado àqueles que acompanharam comigo a reflexão.
Até amanhã.
Sensacional.....o fechamento da dinâmica realmente é imprevisível.
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