Hoje relatarei, de forma igualmente breve como foi em FRACASSO e
FRACESSO, uma experiência que considero vitoriosa.
SETOR: Construção pesada. FATURAMENTO: R$1,2 bi. PROPRIEDADE: Familiar
com transição concluída para a segunda geração, quatro filhos, três deles à
frente dos negócios. CONTRATAÇÃO: Direta, pelos acionistas. GESTÃO: Exercida
diretamente pelos acionistas com desgaste com executivos da primeira linha e
freqüentes ingerências diretas sobre diferentes níveis da estrutura. Intervenção
e controle sobre assuntos prioritariamente operacionais com ênfase sobre
custos. Implantação recente de Sistema de Gestão com vistas aos processos de
Certificação da Qualidade. Quatro endereços de escritórios, inadequadamente
aparelhados, com impacto na sinergia organizacional e custos replicados e/ou
desnecessários. Ausência de planejamento, contratação e avaliação de
resultados.
O processo de ação consultiva foi desenvolvido durante pouco mais de
dois anos. A primeira atividade foi contratada no final do ano em que a empresa
contabilizou perto de R$250 milhões de faturamento. A expectativa por ocasião
do Planejamento Estratégico era a de que, em cinco anos, a empresa atingisse o
faturamento de R$1,0 bi.
Trabalhei intensamente junto aos acionistas e aos executivos,
construindo espaços claros de divisão e compreensão de papéis,
responsabilidades e autoridade. Intermediei entre um e outro grupo,
expectativas de parte a parte. Algumas vezes os acionistas sinalizaram recaída,
no sentido de reassumir o comando da organização. Algumas vezes os executivos
demonstraram-se incrédulos na possibilidade de que os acionistas se afastassem
da gestão.
Instiguei os executivos a conquistarem espaço de poder pela via da
demonstração de competência traduzida em resultados, enquanto pedia tempo de
maturação aos acionistas. Realizamos, no período da ação consultiva, seis
eventos envolvendo o grupo de diretores, superintendentes, gerentes de áreas
corporativas e gerentes de unidades de negócios. Essas oportunidades serviram
para o estabelecimento dos marcos de referência estratégica e a fundamentar
conceitos de gestão e conduta das lideranças. Várias reuniões semanais,
primeiro com a participação apenas dos acionistas, depois com os executivos,
preparando o encontro entre os dois grupos. O processo foi gradualmente
compreendido, aceito, praticado e defendido pelos participantes. O grupo
amadurecia pelo extraordinário desempenho dos membros da diretoria executiva e
a incondicional disponibilidade e dedicação dos acionistas.
O sucesso do primeiro ano de trabalho foi traduzido pelo faturamento
recorde da empresa de mais de R$550 milhões com rentabilidade acima das
empresas congêneres e a empresa foi recertificada com expressivos elogios da
equipe de auditores externos. As
reuniões tornaram-se mais amplas, objetivas e melhor estruturadas. Emergiram
lideranças.
A empresa identificou um local para instalar uma nova sede que, naquela
oportunidade pareceu-nos a todos superdimensionado, mas os executivos foram
hábeis e competentes para demonstrar os ganhos de sinergia, racionalização de
processos e interação entre as equipes. A empresa mudou, inclusive de endereço.
Confesso que me emociono ao lembrar os primeiros dias da transferência para a
nova sede. Cada dia a empresa amanhecia nova, sinalizando para o futuro a sua
disposição em crescer e consolidar-se.
A decisão compartilhada da configuração do lay out do novo prédio, que
abrigou todos os escritórios até então espalhados em quatro endereços,
simbolizou o grau de amadurecimento do processo. As salas dos diretores foram
dispostas lado a lado e suas equipes foram alocadas em saguão, a frente de suas
salas, literalmente aberto, sem divisórias ou baias. Em outro bloco do prédio
foram dispostas as salas dos acionistas, também uma ao lado da outra, sem
portas. Foi montada também a sala do Conselho que, naturalmente, emergia.
A instalação da nova sede coincidiu com o extraordinário amadurecimento
da equipe de diretores executivos que agora debatiam de forma abrangente todos
os assuntos, preparavam síntese das decisões e as apresentavam aos acionistas
que, de forma compartilhada, deliberavam.
A partir daí iniciei os ensaios para a configuração do novo espaço de
poder na estrutura organizacional: o Conselho de Administração. Dalí derivariam todos os próximos passos para
dar musculatura à uma organização que faturaria naquele ano perto de R$800
milhões, com os olhos postos na governança corporativa, como ditam as melhores
práticas do mercado aberto de ações.
Fizemos a primeira reunião do Conselho de Administração, composto pelos
quatro acionistas, um consultor externo e eu, que havia sido convidado para ser
membro efetivo. Quem conduziu a reunião foi um dos acionistas. Terminada a
reunião histórica, pedi a eles um tempo para conversarmos. Nessa conversa
comuniquei a eles que declinava do convite de ser membro do Conselho. Dava ali
por terminada, pelo menos nessa etapa, minha contribuição.
Mantenho contato regularmente com eles, e para minha satisfação os vejo
evoluindo a passos largos para se tornarem uma das empresas mais bem
estruturadas do setor.
Até breve.
Parabens pelo SUCESSO!!!
ResponderExcluirEstou aprendendo muito com suas estórias reais.