Esta semana, ou será essa semana,
ou nessa semana, mais exatamente nos jornais televisivos da noite de ontem
tomei contato com um assunto que, eu penso, merece nossa atenção. Diz respeito
a um novo preconceito: o preconceito lingüístico.
O livro didático “Por uma vida
melhor” distribuído pelo MEC a mais de quatro mil escolas do país em sua página
quinze, conforme revelou o site IG: "Você
pode estar se perguntando: 'Mas eu posso falar os livro?'. Claro que pode. Mas
fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima
de preconceito linguístico".
O livro aborda a tese de que
devemos ter flexibilidade no linguar. Afora os defensores da reserva acadêmica
que encontrarão sérias dificuldades sem os fundamentos normativos que fixavam o
que é certo e o que não é, e os poetas que terão que rebolar para artir novos
despalavrares, o povo continuará povando.
Bacanas os novos debates.
O governo federal imbuído de seus
poderes por construir matéria normativa, inclusive sobre aspectos fundamentais
da cultura, estabeleceu que devemos permitir ao outro que ele fale a língua
pátria do jeito que bem entender estando ele precavido porque poderá por isto
sofrer preconceito.
Lembrei-me de um certo presidente
do Brasil da época do ocaso da redentora (revolução de 1964) que num ou será em
um discurso comunicou: VAMOS CONCEDER A
LIBERDADE VIGIADA... Eu não consigo parar de rir quando lembro disso, estar
no poder é bom demais... Tá bom vá lá: é por
uma vida melhor. Ontem como hoje é tão reconfortante saber que alguém cuida
de nós, inclusive do nosso dizer...
No início deste, ou será no início
desse ano, fui mordido pelo desejo de comemorar meus sessenta anos, em
fevereiro de 2012, com algo que me mobilizasse mais do que o normal. Daqui dez anos
atinjo a idade inimputável, eu pensei: vai ser agora! Parti prá cima dos meus
escritos, tomei coragem, escolhi alguns e mandei para uma grande amiga, pela
qual tenho o maior respeito cultural e pedi a ela que me fizesse a gentileza de
revisá-los.
Contos que foram postados aqui no dasletra
(fico puto com essa linha vermelha tremida sublinhando o nome do meu
blog, pô pela minha vida melhor eu já posso escrever errado, caramba). Se bem
que tenho sofrido, ah agora estou entendendo, algum preconceito quando passo
para algumas pessoas o endereço do blog: “Não
é dasletras com S no final, Agulhô?
Onde eu estava mesmo? Ah, sim, na
revisão dos meus textos pela minha querida amiga. Fico grato a ela, e quero que
você saiba agora que se alguma coisa de muito ou pouco grave me acontecer parte
da culpa é sua, porque além de revisar de forma brilhante a estrutura
gramatical você deu contribuições importantes ao texto. Ela mandou prontamente
a revisão de dois contos, no terceiro ou quarto ela disse que estava encontrando
alguma dificuldade, quase abandonou a gentileza, porque estava aprendendo a me
ler e não sabia exatamente como revisar os textos. Escolhi ou não escolhi bem
minha revisora?
A idéia para o aniversário era a de
editar um livro de contos, aí apareceu o Lé (Vladimir meu filho mais velho): “Pai, por que você num faz um blog, é
grátis!” Juro que não foi por causa disso, mas o motivo era muito forte. Num
deu outra. Posso ter perdido a oportunidade de ficar milionário vivendo das
letras, mas pelo menos economizei os custos da primeira edição e confesso a
você, meu leitor, estou apaixonado por viver e agora dasletra.
Que bom que os livros estão sobre a
mesa. Que bom que possamos ter os nossos mais íntimos e autônomos dizeres.
Penso que o debate tem pertinência, oportunidade, quase urgência. Até para que
daqui alguns anos nós não estejamos debatendo: ‘The book is on the table.’, ou
deverá ser: The book is on the teiblo.’ Ou, ainda: ‘Dê buk is ondê teibu.’
Se acontecer daqui a vinte ou
trinta anos esse debate não contará comigo. Estarei nas varandas da minha casa
de Santa Luzia, tocando o meu banjo, e virarei o rosto pra isso, deliberadamente.
Até breve.
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