Há alguns anos atrás conduzi o
processo de planejamento estratégico do SINDUSCON-MG, Sindicato da Indústria da
Construção Civil de Minas Gerais. Como resultante do projeto adquiri amizade
com o presidente da época, que depois de alguns anos convidou-me para fazer
parte do Instituto Horizontes.
O IH,
criado em abril de 2000, é uma organização da sociedade civil de interesse
público (Oscip), sem fins lucrativos, formada por voluntários, entre
profissionais liberais, empresários, intelectuais e pessoas de diversos
segmentos da sociedade. Seu principal objetivo é a promoção de ações que
signifiquem a melhoria da qualidade de vida do cidadão, prioritariamente o de
Belo Horizonte e sua área metropolitana.
Em todos os seus trabalhos, o IH utiliza a metodologia do planejamento
estratégico, cuja função é, a partir dos pontos fortes e fracos, das
potencialidades e ameaças, definir as prioridades de ação em toda a sociedade,
por meio de suas instituições públicas e privadas. Desta forma, as cidades
podem desenvolver suas principais vocações e forjar um adequado tipo de vida e
de oportunidades para todos os seus cidadãos.
O Pré-diagnóstico para o Plano
Estratégico da Grande BH, elaborado entre abril e novembro de 2000, foi a base
dos trabalhos desenvolvidos até novembro de 2004, quando foi concluído o
documento “Diagnóstico e Propostas”, que é, seguramente, o mais completo acervo
existente de informações sobre a Grande Belo Horizonte.
Dentre os estudos feitos pelo IH, além do diagnóstico, podem ser
citados:
· CENTRO ADMINISTRATIVO DE MINAS GERAIS – O IH foi responsável pelos estudos que
levaram a uma avaliação mais profunda sobre os impactos do local de construção
do Centro Administrativo e conduziram à escolha do local atual.
·
VETOR NORTE – O IH
desenvolveu o Programa de Ações Imediatas para o Vetor Norte, que
identificou ameaças e vantagens da expansão daquela região, em função de
empreendimentos, públicos e privados, em curso ou planejados para a região,
como a Linha Verde, O Centro Administrativo, a ampliação do Aeroporto Tancredo
Neves, em Confins, e futura construção do Anel Viário de Contorno Norte
(Rodoanel).
· VETOR SUL – O IH
desenvolveu O Plano de Ações Estratégicas para o Vetor Sul, apontando os
principais problemas dessa região e indicando caminhos a serem percorridos. O
estudo tem sido referência para o poder público e as empresas que possuem ou
pretendem ter empreendimentos na região, uma das mais congestionadas da RMBH.
Ao longo de todos esses anos,
enriqueci meus conhecimentos sobre a cidade e região onde moro e pude dar minha
modesta contribuição em pensá-la e encaminhar sugestões que possam melhorá-la. Nenhum
dos estudos anteriores, no entanto, permitiu-me experiências como aquelas que
estou vivenciando no momento.
Em janeiro de 2011 iniciamos os estudos sobre o
VETOR NOROESTE. O VN contempla as cidades de Ribeirão das Neves, Esmeraldas,
Capim Branco, parte de Contagem, Vespasiano e Pedro Leopoldo. As áreas objetos
de estudo são as mais vitimadas pela expansão da metrópole que empurrou para
essas regiões tudo o que não serve mais: lixo sanitário, resíduos sólidos,
degradação do tecido social e criminosos apenados.
No dia 27 de abril passado fizemos
encontro com representantes das comunidades contempladas pelo Vetor Noroeste.
Vide: http://www.institutohorizontes.org.br/imagens/newsletter/boletim_I.H._11.pdf
No dia 12 de maio nos encontramos
com os líderes escolhidos pela comunidade para a primeira reunião do Grupo de
Impulsão. Saímos com a arquitetura das ações planejadas, com os grupos de
trabalho estruturados e com agenda de visitas estratégicas que incluem
entidades empresariais, de fomento, instituições diversas públicas e privadas,
poderes municipais e até o governador do Estado.
Conheci Anastasia há alguns anos
atrás, quando mediei debate entre ele e expressivos empresários do ambiente
internacional de negócios num encontro realizado no Hotel Ponta dos Ganchos em
Florianópolis-SC. Depois do evento conversei longamente com o atual governador
e confesso que me impressionei e hoje tenho orgulho de tê-lo como nosso
governante.
Poucos dias depois do evento em
Santa Catarina recebi, em casa, um livro endereçado a mim pelo então
vice-governador. Uma bibliografia: SINHÁ MOREIRA – UMA MULHER A FRENTE DE SEU
TEMPO, escrita pela arquiteta e escritora Lilian Fontes e prefácio do Ziraldo. Extraio
do texto de Ziraldo: “Um pequeno fato que
mudou a minha vida e o destino de uma comunidade inteira. Mudou tudo: hábitos,
modas, costumes, influências, sonhos, tendências, projetos, escolhas,
conceitos, tudo. O que sempre me levou a perguntar: que sutil movimento da
Terra muda nossos rumos, altera a direção que não depende de nossas escolhas?
Em que momento, por exemplo, uma visão não exatamente ligada à nossa se torna,
para nós, uma existência humana transformadora?” O livro é um belíssimo
relato de Lilian Fontes sobre a vida de Dona Sinhá. O que me impressionou ainda
foi a citação de Raquel de Queiroz na contracapa do livro, que reproduzo
integralmente aqui: “Na sua modéstia, na
sua simplicidade, Dona Sinhá Moreira dá um lindo quinau nos nossos ricaços de
vistas curtas, que cuidam só servir o dinheiro para luxos de novo rico e
exibições no El Morocco e No Elephant Blanc. Milionário brasileiro ainda não
aprendeu, no mundo de hoje, o rico tem de se fazer perdoar pela sua riqueza, suprindo,
com iniciativas de cultura e assistência social, as lacunas do serviço público.
E então aqui, onde o imposto de lucros extraordinários não funciona, e o
imposto de renda só onera realmente os assalariados, eles deviam, mais que
nenhum outro, pensar um pouco os problemas de seu pais.” Isso em 14 de
março de 1959. Fosse hoje receberia o nome de: RESPONSABILIDADE SOCIAL.
Após a reunião do dia 12 de maio em
Ribeirão das Neves uma das participantes, Dona Senhorinha, aproximou-se de mim
e acanhadamente me perguntou se eu poderia fazer a abertura da Conferência
Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional no próximo dia 26 de maio.
Permitam que sua índole
os aproxime dos melhores.
Até breve.
Mais uma vez me emociono em ler as "letras".
ResponderExcluirSua capacidade de ler e ver as coisas de forma sutil, porem profunda, me torna cada vez mais obcecado em seguir suas experiências e estorias.